16 de set. de 2009

Relação entre pais e filhos reproduz aspectos que a criança e o adolescente encontrarão no futuro


Foi-se o tempo em que educar os filhos era responsabilidade só das mães. Os pais modernos são cada vez mais afetivos e presentes, afastando-se da ultrapassada figura distante e severa. Lidar com esse novo papel sem perder a autoridade sobre os filhos é um desafio. A solução pode ser substituir o medo que as crianças de gerações passadas sentiam diante do pai pelo diálogo, não se fazendo entender apenas pelo grito. De acordo com um dos fundadores da Associação pela Participação de Pais e Mães Separados nas Vidas dos Filhos (ParticiPais), Carlos Lopes, cabe ao lado masculino do casal a importante tarefa de equilibrar severidade e amizade. A relação entre pais e filhos reproduz vários aspectos que a criança e o adolescente encontrarão em sua vida social quando crescerem. Assim como a amizade, existe também a severidade na convivência em sociedade. Quanto mais familiarizado com isso, melhor. Segundo Lopes, quando a separação é conflituosa, a primeira dificuldade é de entendimento para que o genitor que não mora com os filhos tenha acesso às crianças. Na opinião dele, a figura paterna faz parte da estrutura emocional para o desenvolvimento de adultos sadios e maduros. Assim, a criança criada sem nenhum referencial masculino pode se tornar avessa às ordens dadas por representantes femininos. A socióloga da Universidade de Brasília (UnB) Ana Liési é estudiosa da relação entre pai e filho. De acordo com ela, a presença paterna é importante também do ponto de vista sociológico. A pesquisadora explica que a simples convivência com o pai ajuda a criança a exercer sua cidadania. Convivência paterna é algo por si só pedagógico. Não nascemos autônomos, o pai acaba sendo uma porta de entrada para a criança ver o mundo, conhecer melhor o homem, afirma. Ela diz que a figura paterna também é responsável por despertar sentimentos e valores positivos. Quando um pai divide as responsabilidades com a mãe, ele está dando lições preciosas de solidariedade e passando valores importantes sobre respeito e colaboração. O pai é ainda um facilitador entre a criança e a sociedade. Observar o dia a dia do pai ajuda a criança a compreender melhor o ambiente social, as diferenças e contradições do mundo, conclui. Segundo especialistas, apesar de ter se tornado mais carinhoso, o pai ainda é o principal responsável por soltar as amarras dos filhos. As mães em geral, tendem à superproteção e carregam consigo valores como o acolhimento e a proteção. Assim, na maioria das vezes, é delegada ao pai a função de equilibrar esse excesso de proteção e estimular a construção de uma identidade mais autônoma e ousada. Essa relação impede que a criança se torne uma pessoa insegura, desobediente e autoritária.
[Correio Brasiliense (DF) – 15/09/2009]

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