15 de fev. de 2013

Tráfico lidera recrutamento de jovens


O envolvimento de adolescentes com o tráfico de entorpecentes está aumentando em São Paulo e hoje já é a primeira causa de internação na Fundação Casa. Entre os motivos desse crescimento especialistas citam a  possibilidade de ganho fácil, ascensão social, necessidade de dinheiro para sustentar o vício e vínculo com traficantes, que ameaçam o jovem quando ele tenta sair do esquema. Além disso, eles representam maus exemplos de pessoas aparentemente bem-sucedidas, com carros de luxo e roupas de grife.
“O que se percebe, muitas vezes, é um repúdio menor da sociedade com o tráfico em relação a outros crimes considerados mais ‘graves’, como homicídio ou latrocínio (roubo seguido de morte)”, diz a presidente da Fundação Casa, Berenice Giannella. Segundo ela, trata-se de um tipo de mão de obra fácil e farta, principalmente para quem não tem formação profissional e, geralmente, faz parte do meio em que o traficante vive.
O advogado Ariel de Castro Alves, vice-presidente da Comissão da Criança e do Adolescente do Conselho Federal da OAB, diz que o tráfico é mais lucrativo do que o roubo e outros crimes e, aparentemente, pode ser realizado com menos riscos de confrontos e prisões.
“Muitos infratores antes envolvidos em roubo migraram para o tráfico e conseguem ganhar de R$ 100 a R$ 200 por dia. Isso gera ascensão econômica e criminosa, iludindo adolescentes até então invisíveis. Na verdade, o destino deles costuma ser a prisão ou o cemitério”, comenta.

Segundo Berenice, o maior volume de jovens envolvidos com o tráfico é do interior, com 80% das internações. Há entendimentos nas instâncias superiores da Justiça de que a internação é medida extrema e só deve ser adotada em casos de emprego de violência, ameaça ou reiteração criminosa, que exige pelo menos três infrações anteriores. Por isso, juízes da capital  optam por medidas menos severas, mas no interior a internação é imediata.

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