9 de set. de 2009

Estatuto da Criança e do Adolescente ganha versão indigenista

Funai elabora Estatuto da Criança e do Adolescente em versão indigenista

Com a participação de colaboradores, a Funai elaborou a primeira versão do Estatuto da Criança e do Adolescente comentado à luz da legislação nacional e internacional e à luz da antropologia e dos direitos dos povos Indígenas. Servidores do órgão indigenista discutiram pontos fundamentais, como o conceito de família, adoção, intervenção penal e da atuação dos Conselhos Tutelares, ressaltando sempre a importância de subsidiar o diálogo entre os Conselhos e as comunidades indígenas.Para democratizar o diálogo, foram convidados o Secretário Executivo do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Benedito dos Santos, a Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal, Ella Wiecko Castilho, a antropóloga representante do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), Rita Laura Segato e a antropóloga representante da Comissão de Assuntos Indígenas da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Elaine Moreira Lauriola.O Secretário Executivo do Conanda, ressaltou a importância de universalizar os direitos da criança e do adolescente e definir as especificidades da população em geral, trabalhando as demandas locais. Segundo ele, Dourados/MS, por exemplo, tem um dos maiores números de população indígena e não tem um Conselho Tutelar, sendo que hoje existem 5 mil Conselhos Tutelares no Brasil, com 72 mil pessoas trabalhando para os direitos da Criança e Adolescente. Santos acredita que é necessário criar uma política de inclusão para as crianças indígenas. 'É preciso juntar lideranças indígenas e Conselho Tutelar, construir novos códigos, negociar com as soberanias e ter a esperança de constituir o debate de forma mais eficaz', esclareceu. Para a Antropóloga Elaine Lauriola, antes de tirar uma criança de sua aldeia é preciso pensar como ajudá-la, como trabalhar essa questão do ponto de vista antropológico, e nesse sentido pensar qual o papel do Conselho enquanto interventor.Os participantes concluíram que, ainda há muitas reflexões sobre o que fazer já que trata-se de um tema complexo e delicado. O debate culminou com o agendamento de uma grande reunião envolvendo lideranças indígenas para um diálogo jurídico, em Dourados/MS, com o objetivo de fomentar o diálogo de saberes e o pluralismo jurídico. Além disso, foi sugerida uma próxima reunião de trabalho, nas instalações da UnB, com advogados indígenas para discussão do ECA comentado, que contará, também, com a participação de acadêmicos do curso de Direito.Campanha 'Índio Cidadão Brasileiro'A Funai em seu trabalho junto aos povos indígenas, tem se deparado cada vez mais com questões que afetam os direitos das crianças e dos adolescentes indígenas. O ECA embora tenha como princípio o respeito à diversidade cultural das crianças e adolescentes brasileiros, tem gerado conflitos e preconceitos na sua aplicação junto aos povos indígenas, ao invés de garantir a proteção, como se propõe. Nesse sentido, a Funai promove desde 2004 a campanha 'Índio Cidadão Brasileiro' pelo respeito ao direito diferenciado dos jovens e crianças indígenas na aplicação do ECA, com a realização de diversas oficinas para debate do tema.
FONTE: Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão em 25-05-09

Nenhum comentário:

Postar um comentário